As Coisas Não São Feitas Por Acaso (2013)
91 min
Realização: · Tiago Cravidão
Argumento: · Tiago Cravidão
Apoio Financeiro: · Fundação Calouste Gulbenkian
Argumento: · Tiago Cravidão
Chefe de Produção: · Inês Prazeres
Co-Produção: · Videoteca de Lisboa · Persona Non Grata Pictures · Largo Filmes
Imagem: · Tiago Cravidão · Miguel Amaral
Mistura de Som: · Pedro Lourenço
Montagem: · Tiago Cravidão · Tiago Sousa
Música Original: · Luís Figueiredo
Patrocínio: · Assembleia da República
Pesquisa: · Ana Castelo
Produtor: · António Ferreira · Tiago Cravidão · Tathiani Sacilotto
Realização: · Tiago Cravidão
Som Directo: · Pedro Lourenço
São agora os bancos de madeira do eléctrico 28 que nos transportam. Alfama, o Tejo, Campo de Ourique, Martim Moniz: é a preparação do próximo livro de Eduardo Gageiro. Aqui, constatamos a passagem da doença, e vamos assistindo ao ato fotográfico que das imagens quotidianas depura sínteses de vida. Presenciamos a espera, a escolha, o corpo em esforço para fixar a imagem imaginada. Matéria e ideia condensadas ao abrir do obturador. Gestos que este fotojornalista ensaia há mais de 65 anos.
Mas Eduardo fotografa ainda, é presente, actual, vivo e por isso, ao lado da grande escala assistimos às sessões fotográficas na humilde e lotada mesquita da mouraria, nos desgrenhados cabeleireiros para negros do Martim Moniz, e nas desarrumadas das lojas chinesas. “O dia-a-dia que soletramos sem dar por isso”, escreve o amigo José Cardoso Pires. Fragmentos unidos em torno do ponto de vista que este projeto, que durou cerca de 5 anos, foi instalando.
É este o olhar do filme sobre Eduardo Gageiro. Um filme que parte das histórias de duas imagens e que as cruza com a da preparação do seu último livro. Um filme que mostra como o olhar profundamente português deste fotógrafo viu as transformações em Portugal e no mundo nos últimos 60 anos. Um olhar que imaginou e que por isso viu e fotografou, o beijo de Dona Maria ao cadáver de Salazar em 1970, o rapto dos Israelitas nos jogos Olímpicos de 1972, o momento decisivo da revolução de 74, e as sedutoras revelações dos retratos de 95. Um olhar que na precisão científica de Álvaro Cunhal só pode ter origem num “observador atento e incansável que, com talentosa criatividade, não só colhe como cria a imagem e com ela interpreta a pessoa e o acontecimento."