O Rio do Ouro (1998)
Le Fleuve d'Or | River of Gold
Produção Rodagem: Jun/Dez 1997
M/14
103 min
Realização: · Paulo Rocha
Argumento: · Paulo Rocha · Cláudia Tomaz
Mais informações: Website externo
Adereços: · Luís Lacerda
Anotação: · Sara Moreira
Argumento: · Paulo Rocha · Cláudia Tomaz
Assistente de Guarda-Roupa: · Diana Regal [Costureira] · Rosário Moreira
Assistente de Imagem: · Leonardo Simões · Lorete Roque
Assistente de Produção: · Luís Silva · Manuela Riobom · Susana Amaral [Estagiária] · Carla Carreira [Estagiária]
Assistente de Realização: · Ângela Sequeira [Estagiária] · Paulo Guilherme
Cabeleireiro/a: · Alda Matos
Caracterização: · Margarida Miranda
Cenários: · Carlos Dias
Chefe de Produção: · João da Ponte
Chefe Electricista: · Mário Soares
Chefe Maquinista: · José A. Pichel
Contabilidade: · Clara Teixeira
Decoração: · Jorge Gonçalves · Alberto Péssimo
Diálogos: · Paulo Rocha · Regina Guimarães
Direcção de Fotografia: · Elso Roque
Direcção de Produção: · João Pedro Bénard da Costa
Direcção de Som: · Nuno Carvalho
Electricista: · Marco Sales [Assistente]
Figurinos: · Maria Bronze
Fotografia de Cena: · Gaspar de Jesús [Reportagem] · Paulo Ricca
Grupista: · Pedro Efe
Guarda-Roupa: · Manuela Bronze
Ideia Original: · Paulo Rocha
Maquinista: · Carlos Figueiroa [Assistente]
Montagem: · Cláudia Tomaz [Assistente] · Edgar Feldman · Paulo Rocha
Música: · José Mário Branco
Produção: · Suma Filmes · Sky Light Cinema [Brasil] · RTP
Produtor: · Bruno Stroppiana · Paulo Rocha
Realização: · Paulo Rocha
Secretária de Produção: · Sofia Roque
Num comboio, um cigano nadinha vidente, o Zé dos Ouros, quer vender um colar a Mélita. Ai dele, «vê» o passado da inocente rapariga: numa vida anterior ela teria matado o amante e pintado com sangue dele o quarto do seu amor. Aterrado, Zé foge. Carolina vai atrás dele, rouba-lhe o colar e acaba por se tornar sua amante. Quer que o cigano lhe desvende o «segredo», lhe explique o que «viu».
Enquanto o velho António se sente cada vez mais atraído pela sobrinha, Carolina sonha: vê tudo vermelho de sangue.
O Zé já não tem medo de Mélita, quer deixar a amante. A gurda-cancela sente-se traída por todos, «vê» uma grande faca diante de si...
[Sinopse Oficial]
[…] O grande triunfo de O Rio do Ouro é a forma como se apodera das manifestações de cultura popular e as consegue transmitir numa singular fidelidade no que se refere ao seu espírito. Quem tenha memória deste tipo de manifestações (narrativas de tragédias de aldeias contadas e cantadas em festas e romarias, que era uma forma de transmissão oral desses acontecimentos de aldeia em aldeia da província) não deixa de reconhecer que o filme de Rocha surge como uma materialização perfeita dessa forma de "passagem" de voz a voz de um certo testemunho. E não tanto pela presença emblemática de uma dessas figuras (o cego na estação orientado por uma criança, num plano de singular pureza e força) ou pela toada das melodias que recuperam admiravelmente os seus modelos, mas principalmente pela forma como estão encenadas, e, em particular, a belíssima cena da festa popular, o São João com as três raparigas que cantam e que servem não só de "coro" e "eco" dos personagens e acontecimentos, como de "ligação" entre eles, insinuando-se e deslizando de uns para os outros, numa espécie de bailado cuja coreografia está em consonância com o tema da cantiga. Mas não é só na sua forma musical que o filme de Rocha se identifica com essas formas de cultura popular. Há também a paisagem que seduz mas também oprime e parece esmagar os personagens, sensação reforçada pelos ângulos de câmara, especialmente os planos captados da casa sobre o rio e a paisagem circundante. Dir-se-ia, aqui, uma "selva" que prende os personagens e os molda à sua "forma", mantendo-os numa "prisão" de onde apenas se foge pela morte. […] Mas o filme é também Isabel Ruth. Fora pensado para ela quando foi projecto nos anos 60, e foi retransformado para que ela lhe desse corpo e vida agora. […] O Rio do Ouro pode ser visto como a sua consagração. Ela não é apenas a actriz neste filme. Ela é a própria matéria viva que o alimenta, a seiva que o percorre, a música que o acompanha.
[Fonte: Manuel Cintra Ferreira in Folhas da Cinemateca]