O País vibrou com o raid que se disputou, durou dezoito dias, sob sol e chuva, umas vezes a pé, outras a cavalo montado.
Inicialmente passou desapercebido, mas aos poucos foi criando interesse pela rivalidade entre o capitão Rogério Tavares e o civil José Tanganho. Afirmava-se, que o civil estava a dar água pela barba ao militar.
Sob aplausos frenéticos das pessoas dos lugares por onde passava, percorreu as quatro partidas de Portugal (do Minho ao Algarve).
"Rompi três pares de botas em dezoito dias… Andava dez metros a cavalo e vinte a pé, para o animal se aguentar. E percorria 100, 150 e até 250 quilómetros por dia, sem horário fixo.
Alguns casos que aconteceram durante a prova, foram curiosos e ficaram registados.
Na etapa Odemira-Monchique, que deveria ser através da serra, o guia, que devia acompanhar os concorrentes, não conhecia o caminho, pelo que andaram perdidos, até darem com o casebre de um pastor.
O percurso de Moncorvo a Bragança foi feito debaixo de um autêntico dilúvio.
Em Arcos de Valdevez, não havia cavalariças, nem ração, mas isso foi devido a razões políticas.
Ao chegar a Vila Franca de Xira, o meu cavalo o Favorito começou a fraquejar e houve quem me desse uma garrafa de vinho do Porto para o animal beber e arribar (isto é uma sopa de cavalo cansado). O cavalo bebeu e passados alguns metros estava com uma grande bebedeira…E para ali vim eu, com o cavalo a curti-la…Tive de o trazer à mão e foi assim que o capitão Rogério Tavares chegou a Lisboa em primeiro lugar, isto é, à minha frente."
No dia da chegada a Lisboa, apesar da chuva miudinha que caía, os caminhos que levavam ao Pote de Água tinham grande movimento, bem como o Campo Grande.
Ao passar um grupo de cavaleiros que constituíam a guarda avançada, dizia-se que era o capitão Tavares que iria ganhar. Quando este passou, o povo ficou em silêncio, ninguém queria acreditar. Nessa altura José Tanganho vinha ainda a cerca de 7 quilómetros, a pé, com o cavalo pela mão, consolado por um grupo de apoiantes, que davam vivas ao que consideravam ser o vencedor moral. Quando finalmente chegou ao Campo Grande, dois bombeiros quiseram oferecer a Tanganho um cálice de porto, mas o multidão desvairada ao ver fardas gritava: Não bebas que te querem envenenar!
Acontece que tendo o cavalo Emir, pertença do capitão Tavares, morrido durante a noite, ao que se diz por cansaço, Tanganho sagrou-se vencedor do raid pois, ficou à frente nas provas finais do Jockey Club (trote e saltos de sebes).
Foi o delírio no meio. O público invadiu a pista do Jockey Club, levou Tanganho em triunfo, organizou um grandioso cortejo até à Câmara Municipal onde estava preparada uma recepção para consagração dos vencedores e entrega de prémios.
A classificação final ficou assim ordenada :
1º)- José Tanganho;
2º)- Brandão de Brito (Tenente);
3º)- Silva Dias (Capitão).
Posteriormente, em 6 de Novembro de 1925, o 1º Grupo de Esquadrilhas de Aviação partilhava o íntimo desgosto sofrido pelo capitão de cavalaria, Rogério Tavares da Silva, com a morte do seu cavalo, tendo aberto uma subscrição entre os oficiais do exército para se comprar e oferecer um novo cavalo ao valente camarada.
Em 6 de Dezembro de 1925, a Direcção da Sociedade Hípica Portugueza ofereceu uma taça ao Sr. Capitão Rogério Tavares por ter sido o 1º concorrente do Circuito Hípico a chegar a Lisboa.
[Fonte: recolha de elementos gentilmente cedidos por António Tavares, descendente do Sr. Rogério Tavares que alcançou a patente de Coronel, em 1945]
Imagens [#6]:
Homenagem dos oficiais ao Capitão Rogério Tavares - 1925
Inicialmente passou desapercebido, mas aos poucos foi criando interesse pela rivalidade entre o capitão Rogério Tavares e o civil José Tanganho. Afirmava-se, que o civil estava a dar água pela barba ao militar.
Sob aplausos frenéticos das pessoas dos lugares por onde passava, percorreu as quatro partidas de Portugal (do Minho ao Algarve).
"Rompi três pares de botas em dezoito dias… Andava dez metros a cavalo e vinte a pé, para o animal se aguentar. E percorria 100, 150 e até 250 quilómetros por dia, sem horário fixo.
Alguns casos que aconteceram durante a prova, foram curiosos e ficaram registados.
Na etapa Odemira-Monchique, que deveria ser através da serra, o guia, que devia acompanhar os concorrentes, não conhecia o caminho, pelo que andaram perdidos, até darem com o casebre de um pastor.
O percurso de Moncorvo a Bragança foi feito debaixo de um autêntico dilúvio.
Em Arcos de Valdevez, não havia cavalariças, nem ração, mas isso foi devido a razões políticas.
Ao chegar a Vila Franca de Xira, o meu cavalo o Favorito começou a fraquejar e houve quem me desse uma garrafa de vinho do Porto para o animal beber e arribar (isto é uma sopa de cavalo cansado). O cavalo bebeu e passados alguns metros estava com uma grande bebedeira…E para ali vim eu, com o cavalo a curti-la…Tive de o trazer à mão e foi assim que o capitão Rogério Tavares chegou a Lisboa em primeiro lugar, isto é, à minha frente."
No dia da chegada a Lisboa, apesar da chuva miudinha que caía, os caminhos que levavam ao Pote de Água tinham grande movimento, bem como o Campo Grande.
Ao passar um grupo de cavaleiros que constituíam a guarda avançada, dizia-se que era o capitão Tavares que iria ganhar. Quando este passou, o povo ficou em silêncio, ninguém queria acreditar. Nessa altura José Tanganho vinha ainda a cerca de 7 quilómetros, a pé, com o cavalo pela mão, consolado por um grupo de apoiantes, que davam vivas ao que consideravam ser o vencedor moral. Quando finalmente chegou ao Campo Grande, dois bombeiros quiseram oferecer a Tanganho um cálice de porto, mas o multidão desvairada ao ver fardas gritava: Não bebas que te querem envenenar!
Acontece que tendo o cavalo Emir, pertença do capitão Tavares, morrido durante a noite, ao que se diz por cansaço, Tanganho sagrou-se vencedor do raid pois, ficou à frente nas provas finais do Jockey Club (trote e saltos de sebes).
Foi o delírio no meio. O público invadiu a pista do Jockey Club, levou Tanganho em triunfo, organizou um grandioso cortejo até à Câmara Municipal onde estava preparada uma recepção para consagração dos vencedores e entrega de prémios.
A classificação final ficou assim ordenada :
1º)- José Tanganho;
2º)- Brandão de Brito (Tenente);
3º)- Silva Dias (Capitão).
Posteriormente, em 6 de Novembro de 1925, o 1º Grupo de Esquadrilhas de Aviação partilhava o íntimo desgosto sofrido pelo capitão de cavalaria, Rogério Tavares da Silva, com a morte do seu cavalo, tendo aberto uma subscrição entre os oficiais do exército para se comprar e oferecer um novo cavalo ao valente camarada.
Em 6 de Dezembro de 1925, a Direcção da Sociedade Hípica Portugueza ofereceu uma taça ao Sr. Capitão Rogério Tavares por ter sido o 1º concorrente do Circuito Hípico a chegar a Lisboa.
[Fonte: recolha de elementos gentilmente cedidos por António Tavares, descendente do Sr. Rogério Tavares que alcançou a patente de Coronel, em 1945]