Barbanegra (1920)
Produção Rodagem: 1920
M/12
56 min
Realização: · Georges Pallu
Argumento: · Sérgio de Miranda
Mais informações: Website externo
Adaptação: · Georges Pallu
Argumento: · Sérgio de Miranda [provável]
Cenografia: · André Lecointe
Distribuição: · Invicta Film
Fotografia: · Maurice Laumann
Montagem: · Mme Meunier · Georges Pallu
Patrocínio: · Diário de Notícias
Produção: · Invicta Film
Produção Executiva: · Alfredo Nunes de Mattos
Produtor Executivo: · Henrique Alegria
Realização: · Georges Pallu
[Fonte: José de Matos-Cruz, O Cais do Olhar, 1999, p.22]
«Barbanegra», "tragi-comédia cinematográfica, como era definida pela própria empresa produtora, baseava-se num entrecho com certo recorte humorístico, de mistura com um género policial mais que primário, à maneira, ou melhor pretendendo ser um pasticho dos filmes americanos do tipo das «séries», com barbas postiças, correrias de automóvel, paredes maquinadas, etc., enfim todos os "poncifs" de um tal género.
«Barbanegra» e «Amor Fatal» surgem "como consequência dum acordo estabelecido entre o «Diário de Notícias» e a Invicta Film, tendo por base a publicação de folhetins, naquele jornal, de novelas que depois seriam transpostas para a tela."
[Fonte: Félix Ribeiro, Filmes Figuras e Factos da História do Cinema Português 1896-1949, pp. 91-94]
“Se Amor Fatal era um dramalhão, Barbanegra baptizado de “tragi-comédia cinematográfica” nada tem de trágico e oscila entre a comédia (a história da gorda D. Rita e as suas aspirações a um título) e o filme de polícias e ladrões. Maria Campos, – actriz de revista, faz de D. Rita e, como boa revisteira, consegue ser bem divertida e, no final, bem “filosófica”. Teodoro Santos, um actor de teatro então muito conhecido, teve a sua única criação cinematográfica como “Marquês”. E a excelente Maria Oliveira (A Rosa do Adro) volta a marcar pontos na clarividente Clara. E, claro, não podia faltar Duarte Silva, agora como taberneiro, no episódio mais “metido a martelo” deste filme.
Pallu — novamente realizador, como de todos os outros o fora — não está no seu elemento numa “história” que, evidentemente, pouco tem a ver com o seu estilo. E tudo o que rodeia as cenas da taberna parece gratuito ou só ter como justificação o castigo final para o Barbanegra que D. Rita, por razões bem compreensíveis, resolveu não lhe dar.
Mas, embora não tenha bases para o afirmar, julgo que não me engano se creditar a Pallu a melhor ideia do filme: o passeio do leão pela casa e pelo quarto de D. Rita. Dei comigo a pensar no seguinte: imaginem que todo o resto do filme tinha desaparecido e só restava essa sequência. Não figuraria ela com lugar obrigatório, em qualquer antologia do insólito no cinema, senão mesmo do surreal no cinema? Objectar-me-ão que Pallu não explorou todas as possibilidades da cena. Precisamente por isso. É tão insólito o cruzamento daquele leão ultra-domado (ou, plausivelmente e para a cena, ultra-drunfado) com a gordíssima e sonolenta D. Rita que a carga onírica ainda é mais acentuada e ainda melhor funciona.”
[Fonte: João Bénard da Costa - Cinemateca Portuguesa]