As Super 8 Series podem ser apresentadas num número variado de ecrãs, adaptadas às especificações de cada espaço.
“É melhor admiti-lo já: o material original perdeu-se, até os seus autores se perderam, tudo o que resta é o acenar de uma mão, uma nuca, um par de óculos de sol protegendo olhos que nunca vão deixar de estar fechados. De certa forma estes gestos privados capturados em película Super 8, repetidos uma e outra vez em diferentes famílias e em diferentes continentes, executados de forma a encenar o acto da família propriamente dita, tudo isto desapareceu. Terá desaparecido também a necessidade? Será isto aquilo que é apresentado nas projecções incrustadas de sujidade de Pedro Maia?
Eis as sombras fugazes, os materiais frágeis girando, intermitentes e trémulos como se quisessem enfatizar a fragilidade do olhar. A fragilidade destes “compactos” familiares desconjuntou-se por fim e da sua dissolução, dos momentos finais do seu desaparecimento e abandono, ficaram estas imagens. Subsistem dispersas, tão desamparadas quanto os seus espectadores. Perdidas.
E não esqueçamos os materiais. Se a família desapareceu, se as Super 8 Series de Pedro Maia marcam o desaparecimento de um certo tipo de família (será que lhe podemos chamar a família analógica? Aqueles que ainda não admitiram a bomba relógio do computador pessoal?), então os seus restos são compostos em partes iguais por fragmentos da família e do próprio mensageiro, a base química do filme, o acetato riscado que já nem uma imagem consegue aguentar, apenas uma impressão da sua passagem.
Também isto é um sinal de perda. Eis a película ao lado da sua própria sepultura, a velar-se a si própria. Nos momentos finais do cinema químico, a obra de Pedro Maia é celebração e elegia.”
[Fonte: Mike Hoolboom]
“É melhor admiti-lo já: o material original perdeu-se, até os seus autores se perderam, tudo o que resta é o acenar de uma mão, uma nuca, um par de óculos de sol protegendo olhos que nunca vão deixar de estar fechados. De certa forma estes gestos privados capturados em película Super 8, repetidos uma e outra vez em diferentes famílias e em diferentes continentes, executados de forma a encenar o acto da família propriamente dita, tudo isto desapareceu. Terá desaparecido também a necessidade? Será isto aquilo que é apresentado nas projecções incrustadas de sujidade de Pedro Maia?
Eis as sombras fugazes, os materiais frágeis girando, intermitentes e trémulos como se quisessem enfatizar a fragilidade do olhar. A fragilidade destes “compactos” familiares desconjuntou-se por fim e da sua dissolução, dos momentos finais do seu desaparecimento e abandono, ficaram estas imagens. Subsistem dispersas, tão desamparadas quanto os seus espectadores. Perdidas.
E não esqueçamos os materiais. Se a família desapareceu, se as Super 8 Series de Pedro Maia marcam o desaparecimento de um certo tipo de família (será que lhe podemos chamar a família analógica? Aqueles que ainda não admitiram a bomba relógio do computador pessoal?), então os seus restos são compostos em partes iguais por fragmentos da família e do próprio mensageiro, a base química do filme, o acetato riscado que já nem uma imagem consegue aguentar, apenas uma impressão da sua passagem.
Também isto é um sinal de perda. Eis a película ao lado da sua própria sepultura, a velar-se a si própria. Nos momentos finais do cinema químico, a obra de Pedro Maia é celebração e elegia.”
[Fonte: Mike Hoolboom]