As Mil e Uma Noites (2015)
Arabian Nights
Produção 2014
M/14
381 min
Realização: · Miguel Gomes
Argumento: · Mariana Ricardo · Miguel Gomes · Telmo Churro
[In Portugal – one European country in crisis – a film director proposes to build fictional stories from the miserable reality he is immersed in. However, failing to find meaning in his work, he cowardly runs away and leaves the beautiful Scheherazade to stand in his shoes. She will require enthusiasm and courage so as not to bore the King with sad stories of this country! As nights go past, restlessness leads to desolation and in turn to enchantment. Therefore Scheherazade organises the stories she tells the King in three volumes. She begins like this: “It hath reached me, O auspicious King, that in a sad country among all countries…”.]
Argumento: · Telmo Churro · Mariana Ricardo · Miguel Gomes
Assistente de Realização: · Bruno Lourenço
Decoração: · Bruno Duarte
Direcção de Fotografia: · Sayombhu Mukdeeprom
Direcção de Produção: · Isabel Silva
Montagem: · Telmo Churro
Música: · Mariana Ricardo
Produção: · O Som e a Fúria
Realização: · Miguel Gomes
Som: · Vasco Pimentel
Volume 1, O Inquieto
No qual Xerazade dá conta das inquietantes maldições que se abatem sobre o país: “Oh venturoso Rei, fui sabedora de que num triste país entre os países, onde se sonha com sereias e baleias, o desemprego propaga-se. Em certos lugares, a floresta arde noite dentro apesar da chuva que cai; homens e mulheres anseiam por lançarem-se ao mar em pleno Inverno. Por vezes há animais que falam embora seja improvável que os escutem. Neste pais onde as coisas não são o que aparentam ser, os homens do poder passeiam-se em camelos e escondem uma permanente e vergonhosa ereção; aguardam pelo momento da colecta de impostos para poderem pagar a um certo feiticeiro que…”. E vendo despontar a manhã, Xerazade calou-se.
Volume 2, O Desolado
No qual Xerazade narra como a desolação invadiu os homens: “Oh venturoso Rei, fui sabedora de que uma juíza aflita chorará em lugar de ditar a sua sentença, na noite de três luares. Um assassino em fuga vagueará pelas terras interiores durante mais de quarenta dias e teletransportar-se-à para fugir à Guarda, sonhando com putas e perdizes. Lembrando-se de uma oliveira milenar, uma vaca ferida dirá o que tiver a dizer e que é bem triste! Moradores de um prédio dos subúrbio salvarão papagaios e mijarão em elevadores, rodeados por mortos e fantasmas; mas também por um cão que…”. E vendo despontar a manhã, Xerazade calou-se.
Volume 3, O Encantado
No qual Xerazade duvida que ainda consiga contar histórias que agradem ao Rei, dado que o que tem para contar pesa três mil toneladas. Por isso foge do palácio e percorre o Reino em busca de prazer e encantamento. O seu pai, o Grão-Vizir marca encontro com ela na roda gigante, e Xerazade retoma a narração: “Oh venturoso Rei, fui sabedora que em antigos bairros de lata de Lisboa, existia uma comunidade de homens enfeitiçados que, com rigor e paixão, se dedicava a ensinar pássaros a cantar…”.
E vendo despontar a manhã, Xerazade calou-se.
[Fonte: O Som e a Fúria]