A partir da rememoração de um professor de língua portuguesa na actualidade, vamos seguir Manuel, o seu pai, ex-combatente da guerra colonial, constantemente atormentado por essas lembranças. Iremos com ele até ao fundo dos lugares físicos que o obcecam – dos quartéis da formação até aos lagos e jardins da sua juventude e enamoramento – bem como ao abismo da sua memória – a guerra e a paixão juntas, indestrinçáveis, numa batalha que pergunta ou grita as imemoriais dúvidas existenciais.
[Fonte: DocLisboa]
Guerra é um filme para José Lopes, mas também é um filme por José Lopes. Nos vários sentidos que a preposição pode ter: é um filme que está do lado de José Lopes, e de todos os que ele, assim como a sua vida, representa, e portanto é um filme por ele(s); é um filme que chama José Lopes a uma condição de autoria partilhada, pela participação no argumento mas também pela forma como o habita (e apetece acrescentar o nome dele, na ficha técnica acima, aos dois nomes que se seguem a “um filme de”); é, finalmente, um filme que é movido por José Lopes, actor e presença que são a sua energia e o seu sangue, e em torno de quem tudo gira e tudo se ergue. A homenagem cumpre-se – e não há, hoje, forma melhor de classificar este filme – pela forma como Guerra oferece ao actor aquilo que ele nunca, ou raramente, teve: o centro de um filme, que emana dele e, digamos assim, cristaliza a sua presença. Guerra é um cristal de José Lopes.
[Fonte: Cinemateca]