Manoel de Oliveira



Nome completo: Manoel Cândido Pinto de Oliveira

Nasceu: 1908-12-11 · Morreu: 2015-04-02

Local de nascimento: Porto
Local de óbito: Porto
Nacionalidade: Português
Sítio internet: http://focorevistadecinema.com.br/FOCO1/benard-singularidade.htm
Dados adicionais:

Realizador, empresário, produtor;
actor, argumentista, director de fotografia, técnico de som, trabalha ainda na planificação e sequência e na montagem.
“Manoel de Oliveira nasceu no Porto, numa família da burguesia industrial daquela cidade.
Fez os estudos elementares num colégio dos jesuítas – La Guardia, em Vigo. Desde muito novo que se interessa pelo cinema, mas é como desportista (atletismo e automobilismo) que o seu nome ganha a primeira notoriedade.
Tem uma juventude algo boémia e chegou a fazer um número de trapézio voador nas festas anuais do Sport Club do Porto. Com vinte anos, na mira de se tornar um galã do cinema, inscreve-se
na Escola de Actores de Cinema, fundada no Porto por Rino Lupo. É por essa via que, como figurante, participa pela primeira vez num filme: Fátima Milagrosa, de Rino Lupo (1928).
No ano seguinte, com uma máquina de 35 mm rudimentar que comprara do seu próprio bolso e com um guarda-livros que gostava de fotografia como operador (António Mendes), começa a
rodagem do seu primeiro filme, Douro, Faina Fluvial, cuja versão muda seria estreada a 21 de Setembro de 1931, no Congresso Internacional da Crítica. Violentas reacções dos críticos
portugueses e o aplauso da crítica estrangeira marcam o primeiro contacto de Oliveira com o público, num ciclo que se havia de repetir durante seis décadas (pelo menos...).
Avelino de Almeida, José Régio e Adolfo Casais Monteiro foram dos raros intelectuais portugueses a escreverem o seu apoio a um filme com o qual começa, verdadeiramente, o Cinema Novo em Portugal.
Em 1933 Oliveira é, de novo, actor em A Canção de Lisboa, de Cotinelli Telmo, e, em 1934, uma versão sonorizada com música de Luís de Freitas Branco de Douro, Faina Fluvial é exibida
comercialmente. O filme inicia uma série de apresentações no estrangeiro que não mais pararia, até hoje.
Oliveira começa então a delinear projectos que se gorariam. Desemprego, Gigantes do Douro,
Hino de Paz, Luz, Roda, A Mulher Que Passa, Prostituição, são títulos que não passaram do papel nos anos 30. Entretanto alguns documentários foram possíveis: Miramar, Praia das Rosas;
Em Portugal Já se Fazem Automóveis e Famalicão.
Em 1941, com produção de António Lopes Ribeiro, Oliveira realiza o seu primeiro filme de ficção, Aniki-Bobó, a que se segue mais uma travessia do deserto. Casara, em 1940, com Maria Isabel Brandão Carvalhais e as várias incompreensões a que foi votado (nomeadamente do Fundo de
Cinema que lhe recusa subsídios) fazem-no estar inactivo cinematograficamente mais de uma
década. Já nos anos 50 dois projectos não se concretizam: Angélica e Pedro e Inês.
Em 1955 desloca-se à Alemanha para estudar a cor no cinema e, com aparelhagem por ele mesmo adquirida, escreve, produz, fotografa, monta e dirige, no ano seguinte, O Pintor e a
Cidade. Mais duas longas-metragens goradas (O Bairro de Xangai e Do Ano Dois Mil não Passarás) e um novo documentário rodado, O Pão (1958-1959).
Ainda em 1959 começa a rodagem de A Caça, que só terminaria em 1963. Os anos 60 viriam a marcar o início da consagração de Manoel de Oliveira no plano internacional, a partir de Itália
(1964: medalha de ouro no Festival de Siena com Acto da Primavera; A Caça passa no Festival de Bérgamo) e de França (1963: estreia comercial de Acto da Primavera em Paris; 1965:
retrospectiva da sua obra na Cinemateca Francesa de Henri Langlois). Também em Portugal lhe é
prestada uma homenagem nacional em 1963, o ano em que Acto da Primavera impõe, em definitivo, o seu autor.
Nos anos 70 realiza a sua «tetralogia dos amores frustrados» e a consagração crítica internacional
cimenta-se.
Na década seguinte recebe galardões e homenagens um pouco por todo o mundo (entre os quais um Leão de Ouro Especial no Festival de Veneza).
Em 1987, numa demonstração de eclectismo, estreia-se como encenador teatral em Itália, com um espectáculo concebido a partir do conto De Profundis, de Agustina Bessa-Luís, apresentado no festival A Cidadela do Teatro em Santarcangelo di Romagna, em Julho desse ano.
Com mais de 100 anos de idade e ainda em actividade, Oliveira é, sem dúvida, o mais importante cineasta de todo o cinema português.

- - # - PRÉMIOS (até 1999):
# - O Pintor e a Cidade (1956):
Festival de Curta-metragem de Cork – Harpa de prata;
# - Acto de Primavera (1963):
- Festival de Siena (1964) – Prémio para a Melhor Realização da Casa da Imprensa, Medalha de Ouro,
# - Amor de Perdição (1979):
- Festival da Figueira da Foz (1979) – Prémio Especial do Júri para o filme e para o conjunto da obra;
# - Francisca (1981):
- Festival de Cannes (1981) – Quinzena dos Realizadores, Prémio Vittorio de Sica Medalha de Ouro, Grande Prémio do Instituto Português de Cinema.
# - O Sapato de Cetim (1985):
- Mostra Internazionale d'Arte Cinematografica (1985) – Leão de Ouro especial pelo conjunto da obra.
# - Os Canibais (1988):
- Festival de Cannes (1988) – Nomeado para a Palma de Ouro;
- Festival Internacional de Cinema de S. Paulo (1988) – Prémio Especial de Critica.
# - A Divina Comédia (1991):
- Festival de Cinema de Veneza (1991) – Prémio Especial do Júri.
# - Vale Abraão (1993):
- Festival de Cannes (1993) – Quinzena dos Realizadores (Menção Especial);
- Festival Internacional de Cinema de S. Paulo (1993) – Prémio da Crítica;
- Festival Internacional de Cinema de Tokyo (1993) – Prémio para a melhor contribuição artística.
# - O Convento (1995):
- Festival Internacional de Cinema da Catalonia (1995) – Prémio Especial da Critica Literária.
# - Party (1996):
- Festival de Cinema de Veneza (1996), Nomeado para o Leão de Ouro.
# - Viagem ao Princípio do Mundo (1997):
- Festival de Cannes (1997) – Prémio FIPRESCI;
- Festival Internacional de Cinema de Chicago (1997) – Nomeado para o Hugo de Ouro pelo melhor filme;
- Festival Internacional de Cinema de Tokyo (1997) – Prémio Especial de Carreira;
- Prémios Europeus de Cinema (1997) – Prémio FIPRESCI
# - A Carta (1999):
Festival de Cannes (1999) – Prémio do Júri.
# - Inquietude (1998):
Globos de Ouro (1999) – Globo de Ouro para o Melhor Realizador.

Participações [#213]